Os blocos de rua já viraram tradição em Brasília
Margarida Oliveira
E, com isso, o espaço do eixão se tornou insuficiente para os participantes da festa. Com tanta gente aglomerada, ficou mais difícil controlar a movimentação e garantir a tranquilidade e segurança para todos.
Os foliões, na falta de locais apropriados, se deslocam, invadem e permanecem embaixo dos prédios residenciais das quadras, fazendo ali suas necessidades biológicas. Para os moradores aumenta, significativamente, as dificuldades, inclusive no direito de ir e vir. Quem sai pode não conseguir voltar para casa. A concepção do espaço não prevê aglomerações.
No Carnaval deste ano, apesar do reforço policial, os moradores enfrentaram perigo. Foram feitos disparos com arma de fogo na direção do Bloco J. da SQS 106. Não temos ainda o resultado da perícia, mas o estrondo ouvido pelos moradores e funcionários, e as perfurações encontradas nas janelas e paredes de dois apartamentos, não deixaram dúvidas quanto ao tamanho da violência e agressão. Fato, amplamente divulgado pelos canais de televisão, internet e jornais. Parentes que moram no exterior receberam a notícia pela internet e telefonaram preocupados.
É o segundo ano, consecutivo, no carnaval, que atiram neste prédio durante a festa no eixão. No ano passado, os disparos não deixaram marcas, mas poderiam ter atingido alguém.
Neste ano, se um dos tiros tivesse atingido alguma pessoa na janela, dentro da sala e até mesmo um morador chegando ao prédio, certamente, além da tragédia, a capital do país estaria nas primeiras páginas de jornais, inclusive internacionais, com mais uma triste notícia da violência que assola o Brasil.
As quadras tão bem projetadas por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer são um ambiente estritamente familiar, onde pessoas idosas e crianças buscam nas janelas fonte de distração e alegria, além do contato precioso com o mundo exterior.
O Carnaval é uma tradição brasileira. Portanto, a festa deve ser cercada de cuidados e realizada com segurança e alegria,. Entendemos que, diante dos fatos relatados acima, fica clara a necessidade de transferência da concentração de Blocos Carnavalescos para outro local mais adequado, como por exemplo o eixo monumental.
*Margarida Oliveira, síndica do Bloco J da SQS 106
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